quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

As penas acessórias de Oscar Wilde

Enquanto o Ministro Celso de Mello, do STF, lê o seu voto histórico no julgamento conjunto do MI 4877/2012 e ADO 26/2013, recordo que, por conta da condenação por sodomia, Oscar Wilde sofreu diversas penas "acessórias", que, inclusive, passaram em muito de sua pessoa.

Além do cerceamento da liberdade e dos trabalhos forçados, uma parte do tempo lhe foi proibido o acesso a livros e o direito de escrever - a ele, um literato! 

Sem falar na qualidade da comida servida aos presos. Foi por meio das cartas que enviou a jornais, após sua libertação, em defesa de um guarda punido por haver se apiedado das condições de um jovem detento, lhe oferecendo biscoitos, que Wilde terminou por fazer mudar a lei de execuções penais. Nelas o escritor denunciava as condições indignas a que eram submetidos os presos, que ficavam amontoados, sem separação por idade.

Constance e Cyril, o primogênito
Durante seu traslado para as audiências (do processo penal e aquela decorrente da execução da dívida da sucumbência, que lhe declarou insolvente) sofreu incontáveis humilhações públicas (cusparadas, palavras humilhantes), enquanto, na estação de trem, esperava a composição. 

Sua mulher, Constance, teve que sair do país, juntamente com os filhos; o sobrenome Wilde tornou-se indigno até a sua terceira geração. 

O sofrimento que se abateu sobre Constance se expressa em suas imagens. 

Constance Lloyd
Ela terminou desenvolvendo doença autoimune, comprometendo a sua qualidade de vida e terminando por indiretamente produzir a sua morte, aos 40 anos, decorrente de tratamentos experimentais errôneos. Ver aqui.

Mesmo não usando o nome infamado (o filho remanescente, VyVyan utilizava o Holland), quando eram reconhecidos como seus descendentes, as manifestações de discriminação se faziam  sentir com vigor. 

Merlin Holland
Merlin Holland, filho de Vyvyan, nascido em 1945, também sofreu essas manifestações preconceituosas, quando de sua vida escolar e acadêmica. 

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