Enquanto o Ministro Celso de Mello, do STF, lê o seu voto histórico no julgamento conjunto do MI 4877/2012 e ADO 26/2013, recordo que, por conta da condenação por sodomia, Oscar Wilde sofreu diversas penas "acessórias", que, inclusive, passaram em muito de sua pessoa.
Além do cerceamento da liberdade e dos trabalhos forçados, uma parte do tempo lhe foi proibido o acesso a livros e o direito de escrever - a ele, um literato!
Sem falar na qualidade da comida servida aos presos. Foi por meio das cartas que enviou a jornais, após sua libertação, em defesa de um guarda punido por haver se apiedado das condições de um jovem detento, lhe oferecendo biscoitos, que Wilde terminou por fazer mudar a lei de execuções penais. Nelas o escritor denunciava as condições indignas a que eram submetidos os presos, que ficavam amontoados, sem separação por idade.
Constance e Cyril, o primogênito |
Durante seu traslado para as audiências (do processo penal e aquela decorrente da execução da dívida da sucumbência, que lhe declarou insolvente) sofreu incontáveis humilhações públicas (cusparadas, palavras humilhantes), enquanto, na estação de trem, esperava a composição.
Sua mulher, Constance, teve que sair do país, juntamente com os filhos; o sobrenome Wilde tornou-se indigno até a sua terceira geração.
O sofrimento que se abateu sobre Constance se expressa em suas imagens.
Constance Lloyd |
Ela terminou desenvolvendo doença autoimune, comprometendo a sua qualidade de vida e terminando por indiretamente produzir a sua morte, aos 40 anos, decorrente de tratamentos experimentais errôneos. Ver aqui.
Mesmo não usando o nome infamado (o filho remanescente, VyVyan utilizava o Holland), quando eram reconhecidos como seus descendentes, as manifestações de discriminação se faziam sentir com vigor.
Merlin Holland |
Merlin Holland, filho de Vyvyan, nascido em 1945, também sofreu essas manifestações preconceituosas, quando de sua vida escolar e acadêmica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário